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Entenda a relação de multinacionais, como Coca-Cola, e as guildas medievais

Utilização de privilégios políticos no Brasil minam a livre concorrência e geram desigualdade

Por Portal de Bebidas Brasileiras| 16/01/2020

Em épocas de discussões sobre desigualdades, com o Brasil apresentando queda no ranking do Índice de Gini das Nações Unidas e carregando o título de 7° país mais desigual do mundo, podemos comparar a situação com as guildas medievais. Tratavam-se de grupos de profissionais que se uniam para defender de forma mais eficiente os interesses da profissão. O que a princípio parecia uma ideia interessante foi desvirtuado por meio de influência política nas regiões onde os grupos atuavam. As guildas limitavam o número máximo de profissionais exercendo a profissão, assim como no setor de refrigerantes, que o fazem através da tributação.

O problema da situação não é o aumento de salário em si. Caso os profissionais houvessem apresentado um aumento de produtividade e eficiência, uma remuneração proporcional seria, além de justa, eficiente. O problema é a busca pela renda, marginalizando grupos sem tanta influência política, de modo que aumente sua participação na riqueza social sem que tal esforço gere novas riquezas.

Quais são as consequências dessa ação?

Com uma menor oferta de mão de obra e com o mercado mais movimentado, os salários tendem a aumentar. Então, os ricos ficam mais ricos e eliminam os mais pobres pelo menos da oportunidade de tentarem se prover por seus talentos.

Esse hábito economicamente insalubre foi explicado pela economista Anne Krueger, em 1974, através do rent-seeking,  pela qual mostra o gasto de esforço e dinheiro por parte de organizações para conseguir um acréscimo de renda sem que esse excedente gere um retorno para a sociedade.

Relacionando com as multinacionais produtora de refrigerantes

No Brasil, muitas estratégias que a Coca-Cola utilizou para conquistar gigantescas parcelas de mercado não foram na base de sua eficiência e produtividade, nem mesmo da preferência afetiva revelada por consumidores, e, sim, com muita ajuda do poder público.

Um exemplo prático desse esquema é o aproveitamento de multinacionais, como Coca-Cola, utilizando subsídios sobre impostos da Zona Franca de Manaus para transferir créditos tributários para outros Estados brasileiros. Quando foi realizada uma tentativa de redução de alíquota no Polo Industrial de Manaus, o que favoreceria os menores produtores, a tentativa durou surpreendentes três dias.

Em apenas três dias, as empresas fabricantes refrigerantes, como a Coca-cola, conseguiram se movimentar politicamente para moldar a estrutura tributária a seu favor. Usam influência política, minam a concorrência, aumentam sua participação na riqueza social e não agregam em nada a sociedade no processo.

Infelizmente, o rent-seeking é quase que uma marca do capitalismo brasileiro, pois causa profunda desigualdade socioeconômica, além de desequilíbrio de mercados.

O primeiro passo para obtermos um país mais justo é priorizar a conscientização e o ajuste na tributação do setor de refrigerantes. O segundo passo é lutar pela defesa do livre-mercado, sem influências e poderes sinistros por trás, com apenas o povo escolhendo aquilo que prefere.  Só assim se promove igualdade setorial, levando ao fim as guildas medievais.