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Economia brasileira cresceu 2,2% em agosto, aponta Monitor do PIB, da FGV

Apesar da melhora da atividade, desempenho em relação ao ano passado continua sendo negativo

Por Valor Econômico| 19/10/2020

O Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta crescimento de 2,2% na atividade econômica em agosto, em comparação a julho e crescimento de 4,4% no trimestre móvel findo em agosto, em comparação ao findo em maio. Na comparação interanual, a economia apresentou queda de 4,9% no mês e de 5,9% no trimestre móvel findo em agosto.

Apesar de positivo, o resultado de agosto é o mais fraco desde a alta de 1% no indicador em maio nessa comparação ante mês anterior — quando o país iniciou trajetória de recuperação após o “fundo do poço” da economia, causado por crise originada pelo avanço da covid-19 no país.

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“A economia continuou a apresentar crescimento em agosto (2,2%) mantendo a trajetória de recuperação observada desde maio. No entanto, o ritmo de retomada parece ter desacelerado após o expressivo crescimento de 4,6% da economia em junho. Apesar da melhora da atividade na comparação com os meses imediatamente anteriores, o desempenho com relação ao ano passado continua sendo negativo, com taxas menos negativas do que as observadas em abril e maio, quando o país estava na fase mais intensa das medidas de isolamento social. E, é o setor de Serviços, particularmente de outros serviços (restaurantes, hotéis, etc.),fortemente atingido pelo distanciamento social, onde a recuperação é mais lenta. Certamente, a elevada incerteza quanto ao futuro da pandemia inibe uma recuperação mais robusta de todas as atividades”, diz Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB, em comentário no relatório.

Na comparação interanual houve queda nas três grandes atividades econômicas (agropecuária, indústria e serviços), embora apenas a agropecuária tenha apresentado trajetória descendente nesta comparação. Em contrapartida, com relação ao mês imediatamente anterior, além do crescimento das três grandes atividades econômicas, todas as atividades industriais cresceram e, das sete que compõe, o setor de serviços, apenas os serviços de informação apresentaram recuo (-0,8%).

Pela ótica da demanda, o único componente a não apresentar retração na comparação interanual foi a exportação; na comparação com ajuste sazonal, o consumo do governo e as exportações foram as únicas que apresentaram retração.

Auxílio emergencial

A retomada da economia brasileira em meio à pandemia deve continuar a passos lentos até o fim do ano, segundo Considera, principalmente devido à redução do auxílio emergencial pago pelo governo à metade do valor original.

Ao falar sobre o resultado na margem, o especialista comentou que se reduziu o consumo de não duráveis entre as famílias. Na série ajustada em agosto ante julho, a procura por não-duráveis caiu 4,6%, após subir 4,7% em julho ante junho, nessa série ajustada. Além disso, na comparação de agosto ante julho, o consumo das famílias subiu apenas 0,6%, , o pior resultado desde abril desse ano (-11,8%) auge do impacto negativo na atividade da crise causada por covid-19, notou ele. Na comparação com agosto do ano passado, o consumo das famílias caiu 5,8% em agosto desse ano.

Isso pode ter sido influenciado por menor poder aquisitivo, bem como maior cautela de consumo entre as famílias, em agosto, observou o técnico. Isso porque o auxílio emergencial, essencial durante a crise para manter parte da demanda interna em meio à crise, deve continuar mas em patamar menor – e as famílias sabem disso. No caso do mês de outubro, por exemplo, a Caixa depositou nova parcela de auxílio emergencial; mas essa fatia pode ser de R$ 600 ou de R$ 300, a depender de quando o beneficiário teve cadastro aprovado. A parcela maior, de R$ 600, seria válida apenas para três meses – a ser seguida por parcela menor, de R$ 300 reais, que será paga até o fim do ano.

Outro aspecto mencionado pelo especialista é o fraco ritmo de investimentos na economia. Em agosto ante julho, no Monitor do PIB, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) mostra alta de 3,9%, favorecido por base de comparação fraca – mas, ante agosto de 2019, ainda cai 3,9%. “Economia não cresce de forma contínua somente com consumo de serviços. Tem que ter investimento”, comentou ele.

Para o técnico, os sinais até o momento observados no Monitor do PIB até agosto são de continuidade na projeção do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV) de queda de 5,4% para a economia em 2020, devido à pandemia.

O desempenho da atividade econômica até agosto, delineado pelo Monitor, com fracos resultados em consumo e em investimentos, também lança dúvidas em relação à trajetória da economia em 2021 e em 2022, ressaltou ele. “Teremos crescimento na economia no ano que vem, mas será em cima de uma base de comparação fraca. E, para recuperarmos tudo que perdemos esse ano, teríamos que crescer acima de 5% o próximo ano, o que eu duvido que aconteça”, disse. “Creio que só teremos alguma clareza sobre o futuro da economia em 2022”, concluiu ele.