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Fábricas de bebidas criticam elevação de preços de matérias-primas

Executivos relatam atrasos em entregas e reclamam do aumento de custos na compra de insumos

Por Braian Bernardo| 27/11/2020

Executivos de bebidas regionais criticaram, nesta sexta-feira (27), a elevação de preços de matérias-primas para a produção de refrigerantes durante a pandemia da Covid-19. Em entrevista ao Portal de Bebidas Brasileiras, diretores das fábricas Rinco Refrigerantes e Bebidas Leonardo Sell apontaram a pressão dos mercados interno e externo sobre indústrias fornecedoras e o baixo estoque como principais causas para o aumento de custos.

Associadas à Afrebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil), as indústrias fortalecem a campanha “compre do pequeno”. A mobilização, que tem como objetivo valorizar produtores regionais, principalmente durante o surto da doença, também busca destacar a importância de empresas locais para o desenvolvimento regional.

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A escassez de matérias-primas se tornou um assunto mais recorrente no setor de bebidas brasileiras depois do surto do coronavírus no país. De acordo com representantes de fábricas regionais, a falta de planejamento, tanto de fornecedores quanto de fabricantes, refletiu negativamente na volta das atividades com a flexibilização do isolamento social imposto por governantes para conter o avanço da doença.

Diretor da indústria Rinco Refrigerantes, localizada em Rio Verde, a cerca de 220 quilômetros de Goiânia, Guilherme Soares afirma que chegou a recorrer a vários fornecedores para comprar matérias-primas para sua empresa. Todavia, uma das grandes preocupações para fabricantes, segundo ele, é o aumento no preço de produtos como o açúcar industrial, essencial para a produção de refrigerantes.

Mesmo com compras programadas a longo prazo, ele afirma que as dificuldades com esses produtos iniciaram há cerca de três ou quatro meses, quando houve a retomada das atividades que estavam paralisadas em razão da pandemia. “Infelizmente, se dizia que seriam somente ajustes de ritmo, em processo de retomada, mas não foi bem assim”, assevera Soares, sobre a explicação inicial de fornecedores para aumentar os preços.

O executivo de bebidas também alerta sobre a insegurança de empresários no cenário da crise provocada pela pandemia. “Em alguns casos, o que vemos é o temor de retomar com força total e arriscar e acabar não vendendo, ter novamente uma paralisação, ou ainda uma redução de nível de compras”, diz. “Passamos por um momento delicado, pois não temos sinais claros de que nossa economia retomará seu ritmo. Isso gera insegurança em investir e produzir”, pondera o empresário.

Diretor da indústria Bebidas Leonardo Sell, que produz o Guaraná Pureza, Sergio Sell aponta que pressões de grandes empresas do setor sobre os fornecedores pode ter gerado o desalinhamento. “Matérias-primas, como garrafas de vidro retornáveis, açúcar, latas de alumínio e tampas plásticas, estão com baixo estoque, alto custo e demora na produção e entrega”, afirma Sell.

De acordo com Sell, soluções para o problema podem ser o aumento de disponibilidade de fornecedores via importação e a pressão sobre agências reguladoras de fiscalização e controle do governo. A indústria de Sergio Sell, que produz o Guaraná Pureza em Rancho Queimado, a 20 quilômetros de Florianópolis, completou 115 anos de história este ano.

O descaso envolvendo matérias-primas para refrigerantes se estende a outras regiões do Brasil. As indústrias Cyrilla, Wewish e Bebidas Conquista apontaram, em reportagem publicada no Portal de Bebidas Brasileiras, nesta semana, prejuízos com a falta de insumos durante a pandemia.