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Afrebras chama de 'sórdida' declaração de Guedes sobre pequenas empresas

Em reunião em abril, ministro disse 'vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas'

Por Cleomar Almeida| 26/05/2020

O presidente da Afrebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil), Fernando Rodrigues de Bairros, chamou de “sórdida e preocupante” a afirmação do ministro da Economia, Paulo Guedes, proferida em reunião ministerial, dizendo que vai perder dinheiro com pequenas empresas. “Com essa postura, Guedes mostra o seu desprezo e vira as costas para 5,4 milhões de pessoas no país”, afirmou, nesta terça-feira (26), o representante do segmento de bebidas regionais, baseando-se na mais recente pesquisa do Sebrae sobre o assunto.

Na reunião do dia 22 de abril, Guedes foi enfático: “Nós vamos ganhar dinheiro usando recursos públicos pra salvar grandes companhias. Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”. O vídeo foi divulgado na última sexta-feira (22), por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

O presidente da Afrebras, que representa mais de 100 pequenas e médias indústrias de bebidas brasileiras, também classificou como “alarmante” a postura de Guedes diante do que ele chama de “imensa quantidade de micro e pequenos empreendedores no país que precisam se desdobrar todos os dias para sobreviver no mercado injusto e desigual”.

Pesquisa do Sebrae, divulgada no final do ano passado, mostra que a renda obtida com o MEI (microempreendedor individual) é a única fonte de recursos de 1,7 milhão de famílias. No total, o levantamento releva que 5,4 milhões de pessoas no país, considerando quatro pessoas por família, dependem da renda de um MEI.  A renda média familiar desse segmento alcançou R$ 4,4 mil, o equivalente a pouco mais de quatro salários mínimos.

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“Muitos pequenos e médios empresários apoiaram o governo Bolsonaro, que os abandonou diante da crise do coronavírus. Isso é absurdamente lamentável, porque o governo existe também para implementar políticas públicas que amparem os mais fracos”, ressaltou o presidente da Afrebras. A entidade luta há 15 anos por justiça tributária no segmento de bebidas.

A pesquisa do Sebrae entrevistou 10.339 microempreendedores individuais entre 1º de abril e 28 de maio de 2019 em todos os estados brasileiros. A atividade de microempreendedor individual é a única fonte de renda de 76% dos entrevistados. Além disso, 61% dos MEI se formalizaram atraídos pelos benefícios do registro (ter uma empresa formal, possibilidade de emitir nota, poder fazer compras mais baratas), 25% por conta dos benefícios previdenciários e 14% por outros motivos diversos.

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A mesma dificuldade se estende para o segmento de bebidas regionais, na avaliação de Bairros. Em março deste ano, logo após o registro oficial da pandemia do coronavírus no país, enviou ofício ao ministro Guedes, ressaltando a importância de revogar o Decreto 10.254/2020. Essa medida permite dobrar, de junho a novembro, o valor do crédito tributário de 4% para 8% sobre o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) pago por multinacionais de bebidas, como Coca-Cola, Ambev e Heineken, instaladas na Zona Franca de Manaus.

Bairros destaca que, em vez de conceder mais benefícios fiscais a multinacionais de bebidas a partir do mês que vem, Bolsonaro deveria investir em ações de combate ao coronavírus e de socorro à economia do país, focando, principalmente, no amparo às pequenas empresas.

“Ao contrário da infeliz declaração de Guedes, Bolsonaro vai acertar e mostrar que, de fato, se preocupa com o Brasil, a partir do momento em que parar com a farra das multinacionais de bebidas no nosso país e oferecer oportunidades de geração de emprego e renda por meio das micro e pequenas empresas. É preciso valorizar o Brasil. Isso, sim, é ser nacionalista”, afirma o presidente da Afrebras.