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Internautas fortalecem corrente contra incentivos fiscais da Zona Franca

Na internet, brasileiros dizem abominar a concessão de benefícios que geram farras tributárias

Por Braian Bernardo| 14/01/2020

Internautas estão demonstrando abominação quando o assunto é o modelo econômico da Zona Franca de Manaus e seus incentivos fiscais. Eles criticam atitudes de políticos da região e defendem a valorização de indústrias regionais do Brasil, ao contrário de empresas multinacionais, como Coca-Cola, Ambev e Heineken, que recebem benefícios do governo e prejudicam a economia nacional.

Na última sexta-feira (10), o Portal de Bebidas Brasileiras mostrou que a bancada parlamentar do Amazonas está preparando um novo ataque contra o ministro da Economia, Paulo Guedes. Eles ameaçam até ‘colocar em jogo’ o apoio de deputados e senadores amazonenses nas aprovações de matérias de interesse do governo federal.

O lobby desesperou-se após o presidente Jair Bolsonaro decidir não ampliar a alíquota de IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados) para a indústria de refrigerantes da Zona Franca de Manaus, mantendo o valor de 4%, previsto no Decreto 9.394 de 2018, assinado pelo então presidente Michel Temer, no ano de 2018.

Os internautas estão se manifestando em redes sociais da Afrebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil), como Facebook e Instagram. Eles criticam as posturas de multinacionais instaladas na Zona Franca, que têm pressionado o governo por mais regalias na concessão de benefícios fiscais que favorecem grandes corporações, como Coca-Cola e Ambev, o que prejudica as indústrias regionais do país.

‘O país criou uma sociedade dependente’

Sidnei da Rosa avalia, em um dos comentários, que o modelo econômico da Zona Franca de Manaus torna o Estado do Amazonas dependente de benefícios fiscais. “Triste e lamentável que o país tenha falhado. Não desenvolveu um sistema autossustentável e tornou a sociedade dependente [de incentivos tributários], escreveu.

Para Roberto Siqueira, o Amazonas já deveria ter outras estratégias para o desenvolvimento do Estado. “Manaus já era para ter um plano B, mas infelizmente virou moeda de troca. Os políticos só se manifestam a favor da zona franca em ano de eleições políticas”, criticou o internauta, em um dos comentários.

‘Multinacionais ameaçam e fazem governo de refém’

O internauta Gabriel Bitdinger Medeiros diz apoiar um modelo econômico para Manaus, mas afirma que não é a favor das regalias concedidas a empresas multinacionais de bebidas instaladas na região. “Não sou contra a zona franca de Manaus. É um ótimo modelo de desenvolvimento. Sou contra os incentivos serem maiores para empresas gringas do que para as nacionais. Elas [multinacionais, como Coca-Cola, Heineken e Ambev] ganham bilhões no Brasil”, explica Bitdinger.

Em outro trecho, ele escreve: “Elas [multinacionais de bebidas] ameaçam e fazem o governo de refém para continuarem pagando para eles dinheiro com a gente. Que essas indústrias fiquem lá [na Zona Franca de Manaus] e ganhem o próprio lucro, pagando impostos como qualquer outra”, sugere. “Elas não são especiais. Incentivos para gringos é concorrência desleal e mata o empreendedor brasileiro e a indústria nacional”, escreveu.

“Um trabalhador comum que ganha um salário mínimo paga em um ano dezenas de vezes mais impostos que a Coca-Cola proporcionalmente. Isso não é justo com o povo”, critica Gabriel em um dos comentários. “Se toda empresa gringa pagasse impostos, não haveria necessidade de tantos impostos sobre o trabalhador e o pequeno investidor brasileiro”, completou o internauta.

“A Coca-Cola já ganhou muito dinheiro com esse xarope que ela vende”, afirma Eugênio Barbosa. E continua: “Temos que valorizar nossas empresas, que pagam um imposto caro e concorrem com esses gigantes que vendem seus produtos bem mais caros”, destacou Barbosa, defendendo as indústrias de bebidas verdadeiramente brasileiras.

‘Cautela nas ações do governo’

Para Maria Moura, as decisões governamentais devem ser tratadas com muito cuidado, analisando os riscos, para não prejudicar ninguém. “A Coca-Cola cobra muito caro pelo seu refrigerante, não precisa de subsídios. Por outro lado, tem que fazer um estudo para não prejudicar os trabalhadores do setor na região’, alerta ela.

“Medidas como essas devem ser tomadas com cautela e serenamente, prevendo cuidadosamente suas consequências, e não no calor de emoções, como as vezes o governo pratica!”, completou a internauta.