Selic aumenta em 1 ponto percentual e alcança maior patamar desde 2016

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu por unanimidade aumentar em um ponto percentual a taxa básica de juros, Selic. Com isso, a taxa alcança 14,5% ao ano, o maior patamar desde de 2016.

O Copom justificou sua decisão com base nas incertezas em torno da economia global e na alta do preço dos alimentos e energia. No que diz respeito ao cenário internacional, a entidade destacou a situação dos Estados Unidos, que permanece instável. 

O objetivo da alta de juros é controlar a inflação através da desaceleração da atividade econômica. Como consequência, há uma pressão do mercado em relação ao compromisso fiscal do governo federal. A situação  se tornou ainda mais conflituosa nas últimas semanas, após o governo anunciar uma série de medidas que estimulam o consumo.

Em resposta à decisão do Copom, o mercado reduziu suas previsões para a expansão da economia e o índice de inflação em 2025. O último Boletim Focus divulgou uma inflação de 5,66% para o ano, e uma estimativa para o crescimento da economia que passou de  1,99% para 1,98%.

Especialistas da Research XP indicam que a alta deve afetar os setores intensivos em capital na Bolsa brasileira, sendo mais sensíveis  à variação na taxa de juros com quedas em lucros projetados para 2025. 

Além disso, a movimentação deve impactar diretamente no câmbio. Apesar da alta de juros geralmente atrair capital estrangeiro, valorizando o real, o mercado pode interpretar a decisão como uma consequência de um cenário econômico desafiador, provocando volatilidade tanto na Bolsa, quanto no dólar. 

Após a reunião, diretores do BC indicaram em um comunicado que a Selic deve voltar a subir ao menor mais uma vez, porém de forma mais branda em 0,5%. “Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando  o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”, informa o documento.