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#AfrebrasnaMídia - PET reciclada custa mais do que a resina

Companhias como PepsiCo, Coca-Cola e Nestlé mantêm a demanda aquecida, mas é preciso coletar mais

Por Portal de Bebidas Brasileiras| 27/01/2022

Cada vez mais procurada pelas grandes fabricantes de bens de consumo, em especial a indústria de bebidas, a resina plástica PET reciclada viu seu preço acelerar, atingir patamares recordes e até superar o preço da resina virgem. Mesmo assim, a demanda não perdeu fôlego, impulsionada por metas de sustentabilidade ambiciosas das grandes empresas.

Mas aumentar a oferta do PET (polietileno tereftalato) reciclado no mesmo ritmo é o grande desafio do setor, que vê oportunidades de investimentos enquanto muitos projetos ainda ficam na gaveta.

A pandemia impulsionou o consumo dentro dos lares, o que também puxou a venda de embalagens plásticas. Essa maior demanda, a valorização do dólar e os preços do petróleo, do qual o PET é derivado, fizeram com que os preços subissem.

“O preço subiu de R$ 400 o milheiro da embalagem preforma [forma antes de ganhar o formato de garrafa] para R$ 800”, diz Fernando Rodrigues de Bairros, presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), que reúne em torno de 100 fabricantes de pequeno e médio portes.
Esse aumento de preço da resina virgem trouxe na esteira o aumento do preço da resina reciclada. Mais recentemente, porém, foi o PET reciclado que mais se valorizou.

Nas contas de Auri Marçon, presidente da Abipet, a resina reciclada que valia 70% da virgem passou a ser vendida até 20% mais cara. O quilo de PET coletado, por exemplo, passou o preço médio de R$ 4, se aproximando do valor praticado para alumínio. A explicação é que enquanto a demanda cresce, ainda pouco material é coletado.

Gigantes do consumo têm estabelecido regras para aumentar o consumo do PET reciclado. A PepsiCo, por exemplo, quer aumentar para 25% o conteúdo reciclado em embalagens plásticas e projeta que 100% de suas embalagens sejam recicláveis, compostáveis ou biodegradáveis até 2025. A Coca-Cola já tem 99,4% do portfólio com embalagens recicláveis, com meta de chegar a 100%. Com plano similar, a Nestlé tem cerca de 95% das embalagens no país devem ser recicladas ou reutilizadas. No caso das embalagens PET da linha de iogurtes 100% são recicladas.

“Criar demanda para PET reciclado não é um problema no Brasil. Mas ninguém vai fazer investimento para trabalhar vazio. É preciso coletar mais”, afirma Marçon. A reciclagem de PET movimenta cerca de R$ 3,5 bilhões por ano e novos investimentos para grandes centros de triagem automatizados têm sido alvo de estudos de fundos de investimento, o que teria potencial de aumentar o volume de coleta.

Hoje, a indústria de PET no Brasil tem capacidade para produzir até 1 milhão de toneladas de resina virgem, bem acima das 685 mil toneladas estimadas de consumo interno em 2021 – das quais quase tudo foi para embalagens. A capacidade para reciclar, porém, é bem menor, de 460 mil toneladas. Em 2019, 311 mil toneladas de PET foram recicladas, sendo que 23% viraram novas embalagens. O resto ainda ganhou novos formatos nas indústrias têxtil, química e até como acessórios automotivos.

Com PET entre suas principais matérias-primas, a fabricante de bebidas Coca-Cola reformulou suas iniciativas para conseguir ser mais efetiva na coleta e ficar mais próxima da meta de recolher 100% do que coloca no mercado, conta Rodrigo Brito, gerente de Sustentabilidade Cone Sul da Coca-Cola América Latina. Em julho, lançou com a Solar, sua engarrafadora no Nordeste, o programa Recicla Solar, que recolhe PET em Salvador, Recife e Fortaleza. A projeção é de que ao fim do primeiro ano 7 mil toneladas tenham sido recolhidas. Antes disso, em 2019, com a Femsa, a multinacional lançou o SustentaPET, programa com duas unidades em São Paulo, que em 2021 já recolheu 28 mil toneladas. “Como eu mantenho uma marca de 135 anos jovem? E como eu garanto que essa marca vai ter mais 135 anos? A reputação da marca. Investidores sempre querem saber da agenda ESG, que é uma agenda de negócio. Operar de forma mais sustentável é também reduzir riscos.”

Fonte: Valor Econômico / Raquel Brandão
Publicado em 26/01/2022