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Trata-se de uma norma aplicada a qualquer organização que opere na cadeia de alimentos
Por Ifope Educacional| 30/06/2020
Direcionada para a Gestão de Segurança dos Alimentos, a ISO 22000, publicada em 1o de setembro de 2005, surgiu para auxiliar as empresas do ramo alimentar na garantia da segurança dos seus produtos em todas as etapas da produção.
Trata-se de uma norma aplicada a qualquer organização que opere na cadeia de alimentos (FARM TO FORK, ou seja, da “colheita à mesa”).
Sua implementação é, portanto, garantia para o consumidor de que o alimento fabricado apresenta as melhores condições técnico e higiênicos possíveis e, com isso, pode ser ingerido com segurança.
A ISO 22000 é complementar à ISO 9001.
É fundamental ter o domínio de alguns termos para compreender melhor a norma e sua tratativa.
Existem dois conceitos relacionados à segurança alimentar. Um é referente ao acesso aos alimentos e o outro a sua qualidade.
Segundo o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, a Segurança Alimentar é um “direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis”.
O outro conceito refere-se à inocuidade dos alimentos em termos microbiológicos, físicos, químicos e sensoriais. Um alimento é considerado seguro quando seus constituintes ou contaminantes que possam representar perigo à saúde do consumidor estão ausentes ou em concentrações abaixo do limite de risco permitido.
A segurança alimentar promove saúde pública e consequentemente possibilita a competitividade dos alimentos brasileiros no mercado internacional.
À medida que os métodos de segurança alimentar são aperfeiçoados, tem-se uma progressiva elevação de barreiras não-tarifárias, particularmente barreiras técnicas ao comércio de produtos alimentícios em todo o mundo.
Dessa forma, os países, principalmente os mais ricos, colocam restrições de importação de alimentos para proteger seu mercado, de forma que aqueles que atendam a todos os requisitos impostos à fabricação dos alimentos ganham o mercado internacional.
Conjunto de elementos (empresas ou sistemas) que interagem em um processo produtivo para oferta de produtos ou serviços ao mercado consumidor.
É tudo aquilo que pode causar danos à saúde ou ferimentos ao consumidor. São três os tipos de perigos:
Atualmente, a ISO 22000 está na sua segunda versão, de 2018, e é uma certificação que “especifica requisitos para o sistema de gestão da segurança dos alimentos, onde uma organização na cadeia produtiva precisa demonstrar sua habilidade em controlar os perigos, de modo a garantir que o alimento está seguro no momento do consumo”.
Os requisitos da norma são aplicáveis a todos os segmentos envolvidos na fabricação do produto final, incluindo organizações inter-relacionadas como produtores de equipamentos, de materiais de embalagens, de agentes de limpeza, de aditivos e ingredientes e qualquer outro segmento relacionado.
Além do âmbito alimentar, a norma também trata de questões éticas, da conscientização dos consumidores e da responsabilidade das empresas perante seus produtos.
Por que obter uma ISO direcionada exclusivamente à gestão de segurança dos alimentos?
Porque a obtenção desse tipo de certificação permite a redução das não conformidades dos alimentos (vamos lembrar que esse setor trabalha diretamente com produtos perecíveis e/ou de fácil contaminação que podem causar danos à saúde do consumidor caso chegue às prateleiras inapropriadamente). Assim, tem-se a garantia de entrega de produtos e serviços seguros, atendendo às expectativas dos clientes.
A norma contempla três partes:
A ISO 22000 na versão 2018 baseia-se na Estrutura de Alto Nível das normas ISO. Isso quer dizer que é compatível com outras normas de sistema de gestão facilitando a sua integração.
A estrutura da norma é:
A norma vai além da simples monitoração e implementação da gestão de segurança alimentar. Ela preconiza a contínua melhoria da empresa para que os problemas que surjam sejam rapidamente detectados e da melhor forma possível.
Em 2001, a Organização Internacional de Normalização (ISO) iniciou a elaboração de uma norma específica para a gestão da indústria de alimentos, com base nas regras descritas no documento da APPCC.
O resultado desse trabalho foi a ISO 22000: 2005. No entanto, apesar de entrar em vigor no ano de 2005, apresentava falhas relacionadas aos programas de pré-requisitos.
Dessa forma, algumas considerações foram revistas para aprimorar a norma, atualizando e preenchendo lacunas existentes. A versão de 2018 contempla:
O APPCC é um sistema que visa garantir a eficácia do controle de perigos durante toda a fabricação de alimentos.
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É, portanto, obrigatória sua implantação em qualquer empresa do setor alimentício que visa a inocuidade e, consequentemente, a segurança alimentar, de seus produtos.
A obtenção da ISO 22000 só é possível se o estabelecimento seguir os critérios da APPCC.
O APPCC envolve a aplicação de sete princípios. São eles:
Essa é uma dúvida frequente entre os empresários do ramo alimentício e é importante entender qual o objetivo da empresa antes de tomar qualquer decisão.
A ISO 22000 foca diretamente na segurança de alimentos, enquanto a ISO 9001 tem uma área de atuação mais ampla, pois está relacionada a todo e qualquer processo de gestão de uma empresa, incluindo, nesse caso, a gestão dos alimentos.
Não necessariamente. Não se deve pensar nas ISOs como excludentes, mas como complementares.
Uma empresa alimentícia grande, séria e que preconiza a saúde do consumidor pode obter a ISO 9001 para gerir a empresa como um todo e obter a ISO 22000 para focar a seguridade da produção.
Isso só acrescenta e traz valor à empresa, aumentando a credibilidade do setor. A empresa pode, portanto, desenvolver um Sistema de Gestão Integrado (SGI), mais consistente e mais confiável perante o mercado.
É muito comum associar a ISO 22000 apenas às empresas que atuam diretamente na produção do alimento.
No entanto, a própria norma esclarece que “todos os requisitos da norma são genéricos e aplicáveis a todas as organizações na cadeia produtiva de alimentos, independente de tamanho ou complexidade. Isto inclui as que estão direta ou indiretamente envolvidas em uma ou mais etapas da cadeia”.
Assim, a ISO 22000 NÃO está limitada a:
Food Safety Sistem Certification ou simplesmente FSSC 22000 é uma certificação existente para o sistema de segurança de alimentos que inclui os requisitos da ISO 22000, das Boas Práticas de Fabricação (BPF), entre outros.
Ela é aprovada pelo comitê Global Safety Food Initiative (GFSI), organização comprometida com a determinação de padrões de referência para esquemas de gestão de segurança do alimento.
A obtenção da FSSC 22000 possibilita o atendimento a exigências internacionais e de grandes empresas varejistas do setor.
Por abranger requisitos da ISO 22000, versão 2005, a FSSC 22000 é complementar a outras ISOs que abordam sistemas de gestão, como as ISO 9001, 14001 e OHSAS 18001.
Ambas as certificações são internacionalmente reconhecidas e valorizadas no mercado, mas a FSSC apresenta maior destaque mundial.
Assim, a FSSC é cada vez mais escolhida no seguimento de segurança alimentar quando se deseja trabalhar com o mercado exterior.
É importante salientar, porém, que tanto a ISO 22000 quanto a FSSC garantem o atendimento às exigências legais, aos clientes e aos fornecedores.
Após a escolha da certificação – ISO 22000 ou FSSC – a empresa deverá contactar um organismo certificador que atestará o atendimento às conformidades legais necessárias.
A auditoria ocorre em duas etapas:
Caso todas as exigências sejam atendidas, a certificação será concedida à empresa.
A obtenção da ISO 22000 é fundamental no setor alimentício e seu conhecimento é essencial para os profissionais da área.