Pau que dá em Chico não dá em Francisco

Para quem não sabe se está vivendo ou só pagando boletos, o último levantamento do Serasa mostrou que tem muita gente no mesmo barco: 70 milhões de pessoas estavam endividadas no mês de janeiro.

O número representa um aumento de 10 milhões de pessoas em relação ao registrado há 5 anos, estabelecendo um novo recorde.

O valor médio das dívidas é de R$ 4.612,30, 19% a mais do que a média registrada em janeiro de 2018, quando o valor era de R$ 3.926,40;

 Quem sofreu maior impacto no período foram as mulheres, com aumento de 18% no valor de suas dívidas, chegando à média de R$ 4.066. Já os homens, tiveram um aumento de 16%, mas ainda têm o ticket médio maior, de R$5.222;

Indústrias brasileiras

O mesmo recorte se dá quando olhamos a inadimplência das indústrias brasileiras. Com a crise econômica que se instalou desde 2014, muitas empresas não conseguiram manter suas finanças em dia e acabaram acumulando dívidas com fornecedores, bancos e outras instituições financeiras.

Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em dezembro de 2022, a taxa de inadimplência das empresas brasileiras atingiu o patamar de 5,3%, o que representa um aumento de 3,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Acontece que pau que dá em Chico não dá em Francisco — o presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Bairros detalha a forma como bancos, credores e governo tratam as indústrias nacionais. “Sem incentivo, dificuldades para crédito, e burocracia quando é necessário renegociar dívidas”, lamenta.

Ou seja, o tratamento para os brasileiros e empresas brasileiras que enfrentam as consequências da crise é completamente diferente do que o dispensado à multinacionais quando enfrentam os mesmos problemas.

“Basta olhar a forma como a questão do rombo das Americanas foi tratado pela imprensa, e pelo mercado brasileiro.O cidadão está endividado, as indústrias estão endividadas, mas perdão e favorecimento é só para os ‘rombos’, sendo ético para não falar ‘roubo’ de multinacionais”, critica Bairros.

A inadimplência dos cidadãos e das indústrias brasileiras é um problema que afeta a economia como um todo. É preciso que o mercado e o governo adotem medidas para melhorar a saúde financeira, e atuem para criar um ambiente econômico favorável ao crescimento e ao desenvolvimento do país.

Com informações: The News
Imagem: Canva