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Foi a sétima alta consecutiva e o melhor resultado para o mês de outubro, desde 2017
Por Estadão| 22/11/2019
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados na quinta-feira, 21, pelo Ministério da Economia mostram que o País criou 70,8 mil empregos com carteira assinada em outubro, o melhor resultado para o mês desde 2017. Foi a sétima alta consecutiva e levou o acumulado no ano para 841,6 mil novos postos formais – o maior número para o período desde 2014. A abertura dessas vagas em outubro foi puxada pelas vendas de fim de ano do varejo. Mas especialistas dizem que também é reflexo da confiança na retomada da economia.
“Com a melhora dos indicadores de confiança e com o avanço das reformas (econômicas do governo), é possível ver um mercado de trabalho formal mais robusto, até com uma criação de vagas maior em 2020 do que em 2019”, disse o analista Luca Klein, da 4E Consultoria.
Essa retomada da confiança viria de medidas como a aprovação da reforma da Previdência e o envio de um pacote de medidas de contenção de gastos. Também pesam a liberação do FGTS e do PIS-Pasep, que irrigou o comércio com novos recursos, e o fato de a taxa básica de juros estar hoje no menor patamar da história. A geração de empregos em outubro ajudou a puxar o Ibovespa, que fechou a quinta-feira com alta de 1,54%, a 107.496 pontos – o maior patamar desde 8 de novembro.
Embora o mercado de trabalho ainda seja impulsionado em grande parte pela informalidade, os empregos com carteira assinada devem começar a dar contribuição para reduzir a taxa de desemprego, na avaliação de economistas. A projeção do economista-chefe da Infinity Asset Management, Jason Vieira, é que a taxa medida pela Pnad Contínua caia para 11,5% na média encerrada em outubro, em relação a 11,8% nos três meses encerrados em setembro.
Na opinião de José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio e sócio da Opus, os dados de outubro marcando sete meses seguidos de saldo positivo são “sinal claro de que alguma recuperação está ocorrendo, pois, sem crescimento econômico, não haveria geração de empregos”.
Outro sinal, diz ele, é que a recuperação de vagas está ocorrendo em quase todos os setores e em quase todos os Estados.
‘Ladeira abaixo’. Os dados foram comemorados pelo presidente Jair Bolsonaro durante transmissão ao vivo em redes sociais. “Vínhamos numa ladeira abaixo e agora é o sétimo mês de resultado positivo”, disse ele. Sem detalhar, ele afirmou que medidas adotadas pelo governo têm ajudado na retomada do mercado de trabalho.
Para impulsionar a geração de vagas para os jovens de 18 a 29 anos, o governo lançou no início deste mês o chamado programa Verde Amarelo, que reduz o custo de contratação das empresas em até 34% com a desoneração de impostos. Mas a medida já enfrenta resistência no Congresso – onde precisa ser aprovada–, por prever que o custo do programa será bancado com receita obtida por um imposto sobre o seguro-desemprego e o seguro-defeso (pago a pescadores).
O economista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria, também viu os resultados de outubro como animadores, apesar do crescimento ainda moderado. “Desde o meio do ano para cá, o saldo de empregos tem sido melhor, o que é consistente com a atividade econômica”, afirmou Xavier, para quem o próximo ano também será de crescimento econômico.
Historicamente, o saldo de empregos formais cai em novembro e, em especial, em dezembro. Ainda assim, a previsão de economistas é que poderão ser criados até 600 mil empregos com carteira assinada neste ano, ante 529,5 mil em 2018.
Setores
Boa parte do desempenho positivo em outubro se deve à geração de empregos no comércio. Esse segmento criou quase 44 mil novos postos de trabalho, seis de cada dez empregos gerados no País. O destaque ficou com o varejo, que concentrou 36,7 mil dessas vagas. No atacado, foram abertos 7,2 mil outros postos.
Em seguida, aparece o setor de serviços, com 19 mil novos empregos, seguido da indústria de transformação, que abriu quase 9 mil novas vagas, e da construção civil, que criou 7,3 mil empregos. Movimento inverso se verificou no setor agropecuário, que mais demitiu do que contratou, fechando 7,8 mil vagas. O saldo também foi negativo na administração pública (-427) e nos serviços industriais de utilidade pública (-581)