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Astorga pode perder 120 empregos com fim de produção de refrigerantes

Município do PR deve sentir impacto de projeto de lei que propõe aumento de ICMS para bebidas

Por Cleomar Almeida| 01/12/2020

Mais de 100 trabalhadores do município de Astorga, a 414 quilômetros de Curitiba, correm o risco de ficar desempregados, se os deputados do Paraná aprovarem projeto de lei do governo estadual para aumentar a alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços) para refrigerantes e similares. A indústria Bebidas Rio Branco, que há 69 anos gera emprego e renda na cidade, terá de fechar as portas e demitir os funcionários, caso a medida passe a vigorar.

Com proposta de aumentar a alíquota de 18% para 29%, o projeto de lei tramita em regime de urgência e poderá ser colocado em pauta ainda nesta semana. O governo alega que o objetivo é compensar perdas de arrecadação, cujo déficit previsto para 2021 chega a R$ 3 bilhões e que foram agravadas pela pandemia da Covid-19. No entanto, nos bastidores, avalia-se que o governador Ratinho Júnior (PSD) não fez a exata estimativa do desgaste econômico e político que a medida poderá provocar.

“Provavelmente, a gente não vai aguentar e vai ter que fechar as portas”, lamenta o gerente financeiro das Bebidas Rio Branco, Fábio Oliveira, 35. “Sou totalmente contra o aumento da alíquota, que, na verdade, deveria ser reduzida em vez de aumentar praticamente 50%, na prática. A gente não vai suportar, se isso acontecer”, afirma. A indústria, associada à Afrebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil), emprega 120 funcionários com carteira assinada e tem dezenas de colaboradores indiretos.

O executivo de bebidas ressalta que o aumento de imposto vai provocar o fechamento da indústria e, consequentemente, gerar desemprego. Segundo ele, se o projeto for aprovado, Astorga poderá entrar numa crise financeira sem precedentes, já que a indústria é uma das empresas que mais recolhem ICMS no Estado. “Seria uma grande perda para a cidade”, alerta.

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Para aumentar a produção de refrigerantes e movimentar ainda mais a economia da cidade, a indústria Bebidas Rio Branco comprou mais maquinário neste ano, mas, com o risco de aumento de imposto, a administração não sabe o que vai fazer. “A gente comprou até máquina para pelo menos duplicar produção de refrigerantes, mas agora estamos de mãos atadas. Esperamos que haja sensibilidade do governo, para retirar esse projeto, ou dos deputados, para não aprovarem a proposta”, diz Oliveira.

Segundo o executivo, o governo não pode jogar nas costas das pequenas e médias indústrias de bebidas as consequências de má administração anterior. Para ter uma ideia, o próprio governo do Paraná concedeu à Ambev incentivos fiscais que podem alcançar R$ 843 milhões até o final deste ano.

Criada por Ernesto Resquetti em 1951, a indústria tem o compromisso de colaborar com a economia, gerando emprego e renda, e a satisfação de centenas de famílias. A marca produz 10 sabores de refrigerantes, que são distribuídos para quase todo o Estado.