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Fábricas de bebidas pedem igualdade tribuária para setor de refrigerantes

Representantes afirmam que distorções tributárias têm ocasionado falência de empresas

Por Braian Bernardo| 10/01/2020

O impacto dos benefícios fiscais da Zona Franca de Manaus e a dificuldades tributárias enfrentadas no setor de refrigerantes têm gerado fortes críticas de representantes de indústrias regionais do Brasil. Para os empresários de bebidas, estratégias anticoncorrenciais promovidas por multinacionais, como Coca-Cola, Ambev e Heineken, prejudicam a sobrevivência de pequenas e médias empresas, chegando a ocasionar falência de várias delas, o que prejudica o crescimento da economia brasileira.

Os fabricantes de refrigerantes sofreram uma redução significativa de empresas em um intervalo de dez anos, acarretada pela concorrência desleal que vem das fábricas da Coca-Cola e Ambev, na Zona Franca. Segundo a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério da Economia, o número de empresas de refrigerantes passou de 339, em 2007, para 218, em 2017, o que representa uma queda de 64% em dez anos.

“É difícil. Uma indústria precisa de investimentos, mas não conseguimos realizar em grande proporção. Faz muita falta a alta quantia de dinheiro impostos sugam da gente”, lamenta o diretor da indústria de refrigerantes Gold Schrin, Paulo Pagani. Segundo ele, se a empresa pudesse contar com uma igualdade tributária para o setor de bebidas, haveria “motivação a mais para continuar acreditando no negócio”. A indústria fica no Cia Norte, a cerca de 350 quilômetros de Curitiba.

Quando compara a carga tributária paga ao governo e o ganho financeiro com a fabricação e as vendas dos produtos, o diretor da Gold Schrin destaca que, a cada ano, o resultado para o setor de refrigerantes está cada vez pior. “Estou à frente do negócio desde 1990 e nunca havia passado por tantas dificuldades. Não conseguimos acompanhar o mercado porque o preço do nosso produto não evolui como os custos tributários”, critica ele.

“Se não houver uma mudança no setor tributário e uma mudança fiscal para multinacionais de bebidas que estão lá na Zona Franca de Manaus, não sei por quanto tempo as pequenas indústrias de refrigerantes irão sobreviver”, afirma Pagani, lembrando que fábricas paranaenses faliram por conta de dificuldades financeiras.

Em São Paulo, o diretor da indústria Bellpar Refrescos, Murilo Parise, conta que, nos últimos 15 anos, cerca de dez fábricas de refrigerantes de municípios próximos a cidade de Conchas faliram, por causa de dificuldades financeiras e concorrenciais.

“Empresas de muita tradição em São Paulo precisaram fechar as portas porque não conseguiram se manter na disputa nesse mercado com tantas distorções tributárias. A carga de impostos, com certeza, prejudica muito os fabricantes”, lamenta Parise.

O diretor sugere que empresários do setor de refrigerantes do Brasil mantenham postura firme para comandar bem o negócio, “independente das dificuldades que enfrentarem no mercado”. Para ele, se os representantes não desanimarem e insistirem no crescimento das indústrias regionais, poderão colher bons resultados no futuro.

“Estamos em um setor que necessita de muita garra para continuarmos confiantes no crescimento das indústrias regionais. Precisamos acreditar no potencial das pequenas e médias empresas, perseverando e lutando por bons resultados”, destaca. “Tenho fé que depois das fases ruins, teremos tempos de vitória”, ressalta o diretor de Bellpar Refrescos.